Cratera formada por queda de asteroide em Goiás é reconhecida em lista que selecionou 100 sítios do patrimônio geológico do mundo

Domo de Araguainha, que fica entre GO e MT, foi criado pelo impacto de um asteroide há cerca de 250 milhões de anos.

Uma cratera formada por uma queda de um asteroide em Goiás foi reconhecida em uma lista internacional que selecionou os 100 Sítios do Patrimônio Geológico da União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS). O Domo de Araguainha, que fica entre o estado goiano e Mato Grosso, foi criado pelo impacto de um asteroide com mais de 1 km de diâmetro há cerca de 250 milhões de anos.

Além do Domo de Araguainha, apenas outros dois locais brasileiros entraram na lista: o Pão de Açucar, no Rio de Janeiro, e o Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.

A professora de Geologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (FCT/UFG) Joana Sánchez, que é a única representante do Brasil no grupo de pesquisadores, falou sobre a importância desse reconhecimento.

“Nós somos o único país que tem três locais reconhecidos mundialmente. Como um exemplo, é como se fosse patrimônio mundial da humanidade, é uma coisa muito excepcional. Isso vai elevar a nossa pesquisa, mostrar o quanto é importante essa geodiversidade”, contou.

O Domo de Araguainha é uma cratera de 40 km de diâmetro, que é cortada pelo Rio Araguaia, que divide os estados de Goiás e Mato Grosso. A professora conta que a cratera é uma das poucas do mundo que tem todas as estruturas preservadas.

O Domo de Araguainha foi identificado pelo professor Alvaro Crósta, do Instituto de Instituto de Geociências da Universidade de Campinas (Unicamp). Ele contou que o local foi objeto da pesquisa de mestrado dele e, após isso, ele estudou foi responsável por descobrir a maioria das crateras encontradas no Brasil atualmente.

“Eu comecei a estudá-lo em 1978, quando iniciei meu projeto de mestrado no Instituto Nacional de Pesquisas Especais. Eu estava em busca de um tema e eu acabei tendo contado com o resumo publicado por dois pesquisadores norte americanos ligados à Nasa, na época, relatando que o Domo de Araguainha poderia ser uma cratera antiga de impacto já erodida, que também se chama de astroblema”, contou Alvaro.

Ele contou ainda que foi desafiador realizar o estudo, mas que, na época, se embasou na literatura internacional para comparar as estruturas encontradas na região com outras crateras existentes no mundo.

“Eu pude contar com a literatura internacional existente para ir para o campo, começar a mapear as estruturas do Domo de Araguainha, e compará-las com o que existia na literatura e outras crateras e outros países, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Austrália”, disse.

“São poucas crateras no mundo que tem essa estrutura preservada, mas não são muitas crateras conhecidas no mundo, são cerca de 200, dos quais nove estão no Brasil e eu as estudei e fui responsável pela descoberta da maioria delas”, contou o professor.

Segundo Joana, a IUGS é uma das maiores organizações científicas do mundo. Os locais que foram selecionados passaram por uma comissão de mais de 200 especialistas, de 55 países de todos os continentes e de 13 organizações internacionais.

A professora, que também estuda a região do Domo de Araguainha há anos, é a única brasileira selecionada para representar o Brasil na convenção, que começa na segunda-feira (25), na Espanha. Na ocasião, ela vai apresentar os três locais brasileiros selecionados para a lista.

“Eu vou apresentar os três sítios brasileiros. É uma honra gigante”, disse a professora.

Por G1