Primavera do Leste se desenvolveu a partir da crença na potência do cerrado.

Primavera do Leste é motivo para encher de alegria o coração de um dos principais pioneiros dessa terra. A velocidade

Primavera do Leste é motivo para encher de alegria o coração de um dos principais pioneiros dessa terra. A velocidade no crescimento dos bairros e instalação de novos negócios a cada dia não deixam Edgard Cosentino ter dúvidas de que a cidade vai ainda mais longe, já que quem aqui vive tem como características o trabalho, o empreendimento e a coragem. 

Coragem essa que é passado de um dos idealizadores do município para a nova geração. Com a vontade de deixar um infinito legado na história de Primavera do Leste, Cosentino continua investindo na área da construção civil, sempre de olho no futuro.  

Jovem e sonhador, Edgard não se intimidou em construir uma cidade no interior de Mato Grosso, na época um Estado sem muitas perspectivas, longe dos grandes centros. Ele veio do interior de São Paulo e ficou. Abriu caminho na esfera pública, transitou pela Assembleia Legislativa, Governo do Estado e convenceu o então governador Frederico Campos da viabilidade do projeto audacioso de transformar o cerrado em terras produtivas.

Ele foi incansável. Além de administrar a área física onde construiria a cidade, com traçados das ruas e vendas de lotes, trabalhava a parte política, estreitando os laços com os deputados e, dessa forma, conseguiu sem alardes transformar essa área em distrito. “As autoridades de Poxoréu só tomaram conhecimento no palanque quando foi anunciada a criação do distrito”, relembra.

O passo seguinte foi trabalhar o processo de emancipação. Formou-se uma comissão para tratar da parte legal, como divisa territorial e toda a documentação exigida para que a Assembleia Legislativa aprovasse o projeto e enviasse ao então governador Júlio José de Campos. Mais uma vez o relacionamento político de Edgard Cosentino foi decisivo. Quando iniciou-se o processo de emancipação o presidente da Comissão de Divisão Territorial da Assembleia Legislativa era o deputado Ubiratan Spinelli, de Poxoréu. 

Nessa fase os debates foram calorosos. De um lado, Primavera, e do outro, Poxoréu, liderado pelo então prefeito Lindberg Ribeiro Nunes Rocha, que tinha força política no Estado. Não chegavam a um consenso quanto aos limites. Edgard Cosentino sempre trabalhando nos bastidores, usando a credibilidade conquistada pela lisura na execução do projeto Primavera. Resolvida a fase dos limites e de toda a documentação, o projeto foi encaminhado para a votação na Assembleia Legislativa. E quem a Comissão encontrou na presidência? Ubiratan Spinelli, que havia sido eleito para o biênio 1985/86. Mesmo tendo atendido todas as exigências da lei de emancipação, havia uma grande expectativa na população pela aprovação do projeto. Ao ser aprovada, relembra Edgard, “a população comemorou muito”. Encaminhada para o Governo, Júlio Campos assinou a emancipação em 13 de maio de 1986. Todo esse processo tinha duas fases: técnica e política. Cosentino trabalhou muito bem a parte política no convencimento das autoridades, fazendo com que deputados e governo se sentissem parte desse novo Mato Grosso que estava sendo reconstruído.

Foi com essa sagacidade que Edgard conseguiu que Frederico Campos viesse ouvi-los embaixo de uma árvore, “porque não tínhamos onde recebê-lo”, comenta Cosentino. Tempos depois, em entrevista, Frederico mencionou o encontro e confessou que, enquanto ouvia a dissertação, ele se deixou levar, mas pensava: “mais uns caloteiros que chegaram a Mato Grosso. Entretanto sai convencido. Se der certo, ótimo. Se der errado, vou para cadeia, porque como governador vou investir nesse projeto. Deu tudo certo e Primavera do Leste é a primavera de Mato Grosso”.

O trabalho conjunto – iniciativa privada e Governo – deu visibilidade à essa região, atraindo gente de todo o país, que trouxeram na bagagem a força do trabalho, experiência com a agricultura e o sonho do recomeço onde havia imensidão de terras, subsídio do Governo Federal e a vontade de fazer. Resultou em sucesso. Edgard Cosentino, peça importante nessa história, continua acreditando em um futuro ainda mais generoso.

Edgard é o presidente do Conselho Administrativo das Empresas da Família e os filhos já assumiram, cada um suas funções, embora a experiência do patriarca é sempre respeitada e levada em consideração nos momentos de decisão.  

A família sempre fez parte do processo. Edgard nunca esteve sozinho. Teve ao seu lado uma mulher forte e corajosa, Lilian Cosentino. Ela não hesitou em viver o sonho do esposo, mudar radicalmente sua vida, rotina, hábitos e se dedicou a desbravar essa região. Atualmente, quando olha a potência que é Primavera, Lilian relembra as dificuldades. “Dormia dentro de uma Veraneio. Com as portas fechadas o calor era insuportável e abertas era uma luta inglória contra os mosquitos”. Ela trocou Piracicaba por Mato Grosso e hoje reconhece – “valeu a pena. Faria tudo de novo”.

Lilian se recorda com carinho e orgulho da luta do esposo. “Quando nasceu nosso primeiro filho, o Edgarzinho, em Piracicaba, Edgard foi conhecê-lo dias depois, devido as dificuldades de locomoção, a distância entre São Paulo e Mato Grosso era um desafio naquela época. Enfim, vivemos momentos inusitados”.

Lilian Cosentino esteve sempre presente na construção da cidade, inclusive, atribui-se a ela a escolha do nome da cidade – Projeto Cidade Primavera. Mesmo emponderada, Lilian sempre incentivou, apoiou, lutou junto, mas deixou os holofotes para o companheiro e se orgulha de todo esse legado que construíram no município e no Estado. Juntos com Primavera construíram, também, uma grande família, com quatro filhos – Edgard, Marcelo, Eduardo e Daniela e já chegando a terceira geração de netos.